A estratégia de criar comunidades de inovação que funcionem como canais de coleta de ideias de diferentes audiências é cada vez mais prevalente entre as empresas

Um documento do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), organismo ligado à União Europeia, define as comunidades de inovação como “inovação em ação”. Essas comunidades, aponta o EIT, “cobrem toda a cadeia de valor, desde a educação até a pesquisa, à criação de negócios, ideação, incubação de startups, marketing, comunicação e vendas”. É uma entidade viva, que conecta pessoas e organizações em uma parceria dinâmica feita para se adaptar a novas realidades e desafios emergentes. E deve incorporar três valores fundamentais: impacto, excelência e parceria.
A ideia de que cada vez mais as empresas precisam lançar mão de todos os elementos do ecossistema em que estão inseridas, para prosperar em cenários de mudanças velozes e constantes, está na base da busca por novas formas de canalizar a inteligência coletiva para os negócios. Esse movimento inclui práticas como open innovation e corporate innovation, por exemplo, que aproximam empresas tradicionais de startups e empreendedores, seja com parcerias com hubs de inovação, seja por meio de investimentos diretos em startups.
Lançar mão da inteligência coletiva vai um pouco além: estamos falando de criar plataformas, processos ou mecanismos para coletar ideias de clientes, consumidores, funcionários, colaboradores, startups, desenvolvedores, parceiros e fornecedores. Podem ser ações temporárias, como um hackathon para resolver um problema específico, ou constantes, como laboratórios de inovação ou Think Tanks. Ou completamente externas, usando o conceito de crowdsourcing (a sabedoria da multidão), por exemplo, para captar boas ideias de uma multidão desconhecida.
Johathan Livescaut, CEO e cofundador da consultoria Braineet, focada em Open Innovation, escreve que no mundo pós-pandemia, lançar mão de crowdsourcing é uma alternativa para qualquer empresa. “Todos conhecem o ditado de que duas cabeças pensam melhor que uma. Mas o que é melhor que duas cabeças pensando? 10 mil cabeças”, brinca. Livescaut cita o exemplo da iniciativa de Open Innovation da Unilever, ativa desde 2010. A plataforma lança problemas de diferentes tipos para uma audiência aberta, que podem ir de embalagens sustentáveis até novas formas de remover manchas de tecido. As ideias enviadas e escolhidas são tratadas pela empresa como parcerias de negócio.
Comunidades de inovação
As plataformas conhecidas como comunidades de inovação dão a todos os participantes a oportunidade de ampliar seu universo de ideias para produtos e serviços e entender profundamente como pensam os clientes e consumidores e o que de fato estão buscando para resolver seus problemas. “A colaboração com os clientes também ajuda as empresas a responder uma de suas questões mais prementes: como definir ‘valor’ para a próxima década”, escreve o líder da área de Global Wealth e Asset Management da EY, Mike Lee, em um artigo sobre colaboração e inovação.
O estudo recente do Boston Consulting Group (BCG) sobre como as empresas mais inovadoras de 2021 estão superando a “lacuna de prontidão para inovação”, mostra que o número de empresas que colocaram a inovação entre suas 3 principais prioridades corporativas aumentou dez pontos percentuais em 2021, chegando a 75% – “o maior aumento ano a ano nas 15 pesquisas globais” conduzidas sobre inovação pela consultoria desde 2005. O problema é que só metade das empresas está investindo nessas aspirações. E um aspecto importante desse investimento está em talentos e lideranças e sua habilidade de trazer inovação.
Na edição de 2019 do mesmo estudo, o BCG identificou que as empresas mais inovadoras eram as que tinham investido em plataformas colaborativas e ecossistemas de inovação. “A inovação hoje pode vir de qualquer lugar – e cada vez com mais frequência, vem de fora da empresa”, aponta o relatório, indicando diferentes ecossistemas colaborativos que podem ser formados para diferentes propósitos.
Publicado originalmente em Inovabra